Em novembro do ano passado, Jojo, você movimentou as redes sociais com a notícia que estava se preparando para realizar uma cirurgia bariátrica e, recentemente, saiu a notícia de que você realizou o procedimento cirúrgico. Logo, muitas pessoas começaram a discutir sobre o assunto. Para alguns, foi causa de estranheza, já que você sempre pareceu defensora do movimento “corpos livres” e contra a gordofobia. Porém, essas críticas são incoerentes. Precisamos falar de alguns pontos.
➡️ Estima-se que 80% da obesidade seja determinada geneticamente, e ainda há uma atribuição que a culpa do excesso de peso é do paciente. Obesidade não é sua culpa e não significa falta de força de vontade.
➡️ Quando falamos de gordofobia, falamos do processo de desumanização de corpos gordos, tornando-os automaticamente seres estranhos e estereotipados.
➡️ Uma pesquisa realizada em 11 países mostrou que 71% dos profissionais de saúde têm a percepção de que o paciente obeso não está interessado em perder peso. Porém, 68% dos portadores de obesidade gostariam que seu profissional de saúde iniciasse uma conversa sobre peso.
➡️ A maioria dos equipamentos médicos não são apropriados para pessoas portadoras de obesidade.
➡️ Há uma demora de, em média, seis anos para o portador de obesidade buscar uma orientação profissional.
➡️ Apesar de muitos acharem que a cirurgia bariátrica é banalizada, apenas 0,47% da população obesa com indicação para cirurgia bariátrica foi submetida ao procedimento cirúrgico em 2018.
Então, não podemos negar que pessoas que vivem com obesidade sofrem estigmatização, discriminação e prejuízo à qualidade de vida e à saúde mental e física. Os profissionais de saúde têm grande parte dessa culpa e precisamos combater isso. A auto aceitação faz parte desse processo.
Assim, buscar um tratamento para obesidade não pode gerar discriminação e muito menos acusação de não aceitação. Já que ter um “corpo livre” pode ser também a busca por mudanças.
Como você falou: “Hoje, eu estou dando um novo rumo à minha vida, com a certeza de que tudo agora mudou e eu estou preparada. Por isso falo com vocês: faça tudo que você quiser, e quando esse desejo partir de você e não por pressão alheia”.
Precisamos divulgar e dar direito às pessoas a ter orientações sobre o assunto e estabelecer uma comunicação menos estigmatizante, contribuindo para o bem estar do indivíduo portador de obesidade e, principalmente, respeitando suas escolhas.
Fernando Kennedy.